“Nomear um objeto significa suprimir as três quartas partes do gozo de uma poesia, que consiste no prazer de adivinhar pouco a pouco. Sugerir, eis o sonho.” | ||
--Mallarmé |
Movimento de relações com o Modernismo, influencia a maioria dos poetas da 1ª fase do Modernismo. Aqui surgem as primeiras rupturas com os padrões rígidos de composição e restabelecimento da relação entre poesia e existência, separadas pelos parnasianos.
Esta poesia representa uma reação contra toda produção poética anterior.
- nega Realismo e suas manifestações - contra materialismo, cientificismo e racionalismo
- valoriza as manifestações metafísicas e espirituais - subjetivismo
- eu = universo (também critica o eu “sentimentalóide” dos românticos)
- buscam a essência do homem - alma (poesia de auto-investigação)
- matéria X espírito, corpo X alma, sonho e loucura
- busca da purificação com o espírito atingindo regiões etéreas e integração com o espaço infinito (cosmos)
- corpo = correntes que aprisionam a alma (libertação só pela morte)
- primado do símbolo, valorização da metáfora, onde o símbolo é sugestão
- palavras transcendem significado - cheio de sinestesias, assonâncias e aliterações
- musicalidade do verso
- “poesia pura” - surge do espírito irracional, não-conceitual e contrária à interpretação lógica
- temática da consciência da degradação da vida
Filho de ex-escravos, foi criado por um Marechal e sua esposa como um filho e teve educação de qualidade. Perseguido a vida inteira por ser negro, culminando com o fato de ter sido proibido de assumir um cargo de juiz só por isso. É ativo na causa abolicionista. Morre jovem de tuberculose, vítima da pobreza e do preconceito.
Uma de suas obsessões era cor branca, como mostra a passagem a seguir.
É considerado neo-romântico simbolista pois valoriza os impulsos pessoais e sua condição de indivíduo sofredor como fonte de inspiração poética. Suas poesias sempre oferecem dificuldade de leitura. Trata-se de um poeta expressivo, apelidado de “Cisne Negro” ou “Dante Negro".
Prenuncia duas tendências que marcam a poesia moderna: sondagem psicológica, pela expressão do mundo interior e invenção lingüística, pela preferência a estruturas conscientemente elaboradas.
Obras Principais:
Uma de suas obsessões era cor branca, como mostra a passagem a seguir.
"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
de luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incenso dos turíbulos das aras..."
“Alma! Que tu não chores e não gemas
Teu amor voltou agora.
Ei-lo que chega das mansões extremas,
Lá onde a loucura mora!”
Obras Principais:
- Poesia: Broquéis (1893), Faróis (1900), Últimos Sonetos (1905)
- Poesia em prosa: Tropos e Fantasias (1885), Missal (1893), Evocações (1898)
Apaixonado desde jovem por uma prima, sofre com a prematura morte da amada e passa por uma crise de doença e boêmia. Forma-se em Direito e Ciências Sociais, colaborando sempre na melhor imprensa paulistana. Fica conhecido como “O Solitário de Mariana”.
São constantes em sua obra a presença constante da morte da mulher amada, os tons fúnebres de cemitérios e enterros, a nostalgia de um medievalismo romântico, além do seu famoso marianismo (culto a Virgem Maria). Sua obra prenuncia o surrealismo
Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam, como mostra a passagem a seguir.
Obras Principais:
São constantes em sua obra a presença constante da morte da mulher amada, os tons fúnebres de cemitérios e enterros, a nostalgia de um medievalismo romântico, além do seu famoso marianismo (culto a Virgem Maria). Sua obra prenuncia o surrealismo
Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam, como mostra a passagem a seguir.
"O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu."
- Poesia: Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Câmara Ardente (1899), Kiriale (1902), Pauvre Lyre (1921), Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923), Poesias (Nova Primavera, Escada de Jacó, Pulvis, 1938).
- Prosa: Mendigos (1920)
Foi um dos vários poetas simbolistas quase anônimos. Pobre e boêmio, morreu tuberculoso em Salvador. Nada deixou em livro, o que dele se conhece se reduz ao que publicou em revistas simbolistas baianas Nova Cruzada e Os Anais. Sua obra só entrou em evidência em 1970, com Re-visão de Kilkerry (seleção de poemas organizada por Augusto de Campos).
Sua poesia era forte e desconcertante, sendo uma das melhores do Simbolismo brasileiro. Caracteriza-se pela base metonímica e metafórica.
Sua poesia era forte e desconcertante, sendo uma das melhores do Simbolismo brasileiro. Caracteriza-se pela base metonímica e metafórica.
"Primavera! - versos, vinhos...
Nós, primaveras em flor.
E ai! Corações, cavaquinhos
Com quatro cordas de Amor!"
Observação | |
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Com menor expressão ainda apresenta-se como simbolista Emiliano Perneta (1866-1921) que publicou, em livros, jornais e revistas, poesia e prosa poética simbolista. |
Marco inicial = publicação de Missal e Broquéis, ambos de Cruz e Sousa - obras inaugurais em 1893
Marco final = 1922 com a realização da Semana de Arte Moderna
Marco final = 1922 com a realização da Semana de Arte Moderna
Cárcere das Almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço, olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tu se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, Que chaveiro do Céu possui as chaves Para abrir-vos as portas do Mistério?! | ||
--Cruz e Sousa |
Pressago
Nas ÁGUAS daquele lago
dormita a sombra de Iago... Um véu de luar funéreo cobre tudo de mistério... Há um lívido abandono do luar no estranho sono. Dá meia-noite na ermida, como o último ai de uma vida. São badaladas nevoentas, sonolentas, sonolentas... Do céu no estrelado luxo passa o fantasma de um bruxo No mar tenebroso e tetro vaga de um náufrago o espectro. Como fantásticos signos, erram demônios malignos. Na brancura das ossadas gemem as almas penadas. Lobisomens, feiticeiras gargalham no luar das eiras. Os vultos dos enforcados uivam nos ventos irados. Os sinos das torres frias soluçam hipocondrias. Luxúrias de virgens mortas das tumbas rasgam as portas. Andam torvos pesadelos arrepiando os cabelos. Coalha nos lodos abjetos sangue roxo dos fetos. Há rios maus, amarelos de presságios de flagelos. Das vesgas concupiscências saem vis fosforescências. Os remorsos contorcidos mordem os ares pungidos. A alma cobarde Judas recebe expressões cornudas. Negras aves de rapina mostram a garra assassina. Sob o céu que nos oprime langüescem formas de crime. Com os mais sinistros furores, saem gemidos das flores. Caveiras! Que horror medonho! Parecem visões de um sonho! A morte com Sancho Pança, grotesca e trágica, dança. E como um símbolo eterno, Ritmo dos Ritmos do inferno. No lago morto, ondulando, dentre o luar noctivagando, corvo hediondo crocita da sombra d’Iago maldita! | ||
--Cruz e Sousa |
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-me na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria dar a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu. Seu corpo desceu ao mar... | ||
--Alphonsus Guimaraens |
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