segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Como comecei a escrever

Como comecei a escrever



Quando eu tinha 10 anos, ao narrar a um amigo uma história que havia lido, inventei para ela um fim diferente, que me parecia melhor. Resolvi então escrever as minhas próprias histórias.
Durante o meu curso de ginásio, fui estimulado pelo fato de ser sempre dos melhores em português e dos piores em matemática — o que, para mim, significava que eu tinha jeito para escritor.
Naquela época os programas de rádio faziam tanto sucesso quanto os de televisão hoje em dia, e uma revista semanal do Rio, especializada em rádio, mantinha um concurso permanente de crônicas sob o titulo "O Que Pensam Os Rádio-Ouvintes". Eu tinha 12, 13 anos, e não pensava grande coisa, mas minha irmã Berenice me animava a concorrer, passando à máquina as minhas crônicas e mandando-as para o concurso. Mandava várias por semana, e era natural que volta e meia uma fosse premiada.
Passei a escrever contos policiais, influenciado pelas minhas leituras do gênero. Meu autor predileto era Edgar Wallace. Pouco depois passaria a viver sob a influência do livro mais sensacional que já li na minha vida, que foi o Winnetou de Karl May, cujas aventuras procurava imitar nos meus escritos.
A partir dos 14 anos comecei a escrever histórias "mais sérias", com pretensão literária. Muito me ajudou, neste início de carreira, ter aprendido datilografia na velha máquina Remington do escritório de meu pai. E a mania que passei a ter de estudar gramática e conhecer bem a língua me foi bastante útil.
Mas nada se pode comparar à ajuda que recebi nesta primeira fase dos escritores de minha terra Guilhermino César, João Etienne filho e Murilo Rubião - e, um pouco mais tarde, de Marques Rebelo e Mário de Andrade, por ocasião da publicação do meu primeiro livro, aos 18 anos.
De tudo, o mais precioso à minha formação, todavia, talvez tenha sido a amizade que me ligou desde então e pela vida afora a Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, tendo como inspiração comum o culto à Literatura. 
Fernando Sabino
Texto do livro "Para Gosta r de Ler - Volume 4 - Crônicas", Editora Ática - São Paulo, 1980, pág. 8.

1) O texto “Como comecei a escrever” é narrador em 1ª ou 3ª pessoa? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
2) Quando foi que o “eu” do texto “Como comecei a escrever” iniciou suas próprias produções textuais? E o que motivou essa produção?
3) Na escola:
a) Em qual disciplina o “eu” se considerava melhor? E pior?
b) E por que ele achou que tinha jeito para escritor?
4) Retire do texto elementos que mostram que a história narrada aconteceu há muito tempo.
5) Quem é Berenice? E qual a importância dela na vida do “eu” do texto?
6) Qual foi a mudança ocorrida na vida literária do “eu” quando este completou seus 14 anos?
7) Em “Muito me ajudou, neste início de carreira, ter aprendido datilografia na velha máquina Remington do escritório de meu pai.”, o trecho destacado nos dias atuais poderei ser substituído por:
8) Qual o assunto do texto?
9) Quem é o narrador desse texto?
10) Qual a relação existente entre o título e o texto?
11) Qual a importância da Literatura na vida de quem o escreve?
12) Podemos dizer que este texto faz referência à vida de Fernando Sabino? De que forma isso é possível?
13) Qual a sua (aluno) relação com a escrita? Você costuma escrever? O quê? Em que momentos?
No texto de Fernando Sabino, o narrador-personagem nos conta como ele começou a escrever e sua paixão pela Literatura. Já na A Ultima Crônica, o narrador-personagem procura algo do cotidiano para escrever a sua última crônica e se depara com uma comemoração de aniversário de uma menininha de dois anos em um lugar (botequim) um pouco improvável para o “ritual”. Com base nas leituras, produza um pequeno texto a partir de uma cena que você considere importante do seu dia a dia.

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