quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Era Medieval - Classicismo


Portugal - Era Moderna: o Classicismo Renascentista (1527 a 1580)
1. Datas
  • 1527: volta do poeta Sá de Miranda da Itália, onde estivera por seis anos, trazendo as novidades do Renascimento, a "Medida Nova" renascentista - início do Renascimento em Portugal.
  • 1580: anexação de Portugal à Espanha; morte de Luís Vaz de Camões; início do Barroco em Portugal
2. Contexto histórico
O panorama socioeconômico da Europa encontrava-se, no início do século XVI, marcado pelas novas exigências impostas pelas transformações econômicas do final da Idade Média. Entre elas, destacam-se o desenvolvimento comercial e a presença de uma nova sociedade urbana. Florença, Milão, Roma e Veneza tornam-se grandes centros de desenvolvimento capitalista com a reabertura do mar Mediterrâneo, e o mecenatismo cultural transforma-se em prática habitual na Itália, enquanto a Alemanha, a Suíça e a Inglaterra vivem a Reforma Protestante.
Sob a Dinastia de Avis, Portugal vive o seu apogeu político-econômico, com uma posição geográfica propícia para as grandes navegações. Durante os reinados de D. Manuel, o Venturoso e de seu filho D. João III, a nação conheceu intenso luxo e euforia. Vários acontecimentos históricos contribuíram para isso, entre os quais:
  • a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama, em 1498;
  • o achamento do Brasil, em 1500;
  • a conquista de várias regiões na África entre 1507 e 1513;
  • a viagem de circunavegação realizada por Fernão de Magalhães, em 1519-1520.
3. Características gerais do Classicismo Renascentista
O Renascimento foi antecedido e preparado pelo Humanismo - movimento cultural do fim da Idade Média, que já se caracterizava pela volta dos interesses para o Homem, e não mais para Deus. Assim, redescobrem-se os valores culturais da Antiguidade Clássica (o mundo greco-latino), que serão estudados, decifrados e compreendidos, para serem depois ressuscitados e adotados como modelos de perfeição estética na arte renascentista. Esse interesse pelo Homem e pelas realizações humanas conduz ao conceito de Homem integral, ao antropocentrismo pleno: altera-se a concepção de vida, centrada agora no Homem e não mais em Deus: ao teocentrismo medieval, opõe-se uma visão de mundo antropocêntrica - o Homem passa (volta) a ser a "medida de todas as coisas", como afirmara o filósofo grego Protágoras.
A nova confiança na capacidade humana expressa-se numa arte que procura e reflete o equilíbrio, a harmonia, a equidistância e o uso da inteligência na compreensão do Cosmos. Dessa forma, com uma concepção de arte baseada na identificação com os ideais clássicos gregos e latinos e na sua imitação, o Renascimento apresenta ainda as seguintes características:
  • o racionalismo, no controle da razão sobre a emoção, a fim de evitar seu transbordamento;
  • a busca do saber concreto, científico, apoiado no uso da inteligência e da razão;
  • o universalismo e o impessoalismo, numa concepção absolutista de arte, que deveria expressar os valores e verdades eternas e superiores, buscando o Bem, a Beleza, a Verdade, a Perfeição;
  • o culto da forma, na aceitação dos modelos preestabelecidos e na valorização da perfeição formal e da pureza da Língua em prosa e em poesia;
  • o neoplatonismo amoroso, na visão sublimada do ser amado;
  • a mimese aristotélica, na identificação da arte com a natureza;
  • o hedonismo, no apego aos valores terrenos, na fruição dos prazeres carnais, no pleno gozo da existência, associado ao politeísmo clássico;
  • clareza, simplicidade, vernaculismo, pureza da linguagem.
Embora marcado por essas caraterísticas, o Renascimento em Portugal não abandonou o espírito medieval; ao contrário, as duas formas de cultura convivem lado a lado e se influenciam mutuamente ao longo do século XVI, conferindo ao período um caráter bifronte. Explica-se, desse modo, a presença da chamada "medida velha" (medieval) ao lado da "medida nova" (clássica) trazida por Sá de Miranda da Itália e rapidamente absorvida e cultivada em Portugal

Nenhum comentário:

Postar um comentário